Escultura

"Eu também tive um sonho!" 

Naquela noite natalícia adormeci à lareira, tendo sido a minha mãe a acordar-me com um beijo carinhoso, levando-me ao colo para a cama, desejando-me uma noite confortável. Ao fechar a porta disse baixinho: - Bons sonhos querido! 

Depressa adormeci e voei sobre um mundo imaginário, onde o mar é transparente, a areia de cor lilás brilhante e as árvores cor de prata. Ao longe avistei um grupo de crianças que brincavam alegremente. Eram as crianças de todo o mundo, que juntas, mais pareciam um enorme sorriso mergulhado na inocência, amizade e ternura, tão própria do mundo dos mais novos. Saltos e gargalhadas ecoavam na turbulência acinzentada dos povos.

Era assim que sonhava com o Natal! Sonhava planando sobre aquele cenário surreal, onde aquelas crianças felizes criavam brincadeiras sem limites e fronteiras, fazendo esquecer a pobreza, a injustiça ou as desigualdades sociais!

De facto foi com essa ideia que eu cresci. A conceção de um mundo onde é possível viver em harmonia, semeando e vivenciando valores humanistas, onde o respeito pela multidiversidade cultural é a regra. 

Contudo, com o passar do tempo, o sonho foi-se apagando e a realidade foi-se desenhando diferente e díspar, em amanheceres de uma Terra desigual, onde as disparidades sociais prevalecem! 

Contudo, de todas as vezes que recordava aquele sonho marcante, alimentado pelo contexto natalício a ampliar-se à realidade de todos os dias, e, pela imagem das crianças de todo o mundo unidas em torno de uma felicidade comum, decidi lutar com toda a minha energia e criatividade pela construção de uma esfera global pacifista e pela edificação de ações solidárias, de consolidação de direitos humanos!. 

É que daquele sonho prevaleceu a imagem dum sorriso em forma de esperança pelo erguer de um mundo harmonioso, sustentável e sem fronteiras! 

dezembro 2000